Thursday 25 May 2023

Novas Fronteiras (XXV) - Cratera de Darvaza, Turcomenistão



O que é "Novas Fronteiras"?
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Este texto narra uma visita ao Turcomenistão em 2018, quando o presidente do país era Gurbanguly Berdimuhamedow. Desde 2022 o presidente é seu filho, Serdar Berdimuhamedow. A mudança de líder, porém, não representou nenhuma mudança no regime do país, que segue sendo um dos mais fechados do mundo. Para um resumo das mudanças no Turcomenistão desde esta viagem, clique aqui para ler o prefácio deste diário.

24/8/2018

Os desertos do Uzbequistão e do Cazaquistão não são exatamente o que algumas pessoas podem imaginar quando pensam em deserto. A referência de muitos são as dunas do Saara; a areia dourada, macia, em que nada existe. O vento fervente acariciando essas areias, moldando-as, criando rugas. No deserto do Kyzylkum, que ocupa boa parte do território uzbeque, a areia que voa com o vento não é o que domina. O panorama é de chão seco, duro, coberto de forma esparsa por arbustos ásperos. No Aralkum, o deserto que substituiu boa parte do Mar de Aral, há as árvores retorcidas saxaul. Há areia, mas não é dourada, e não há dunas. São desertos que talvez poderiam florescer se caísse uma boa chuvarada de uns dias.

O Karakum é diferente.

Pegamos a estrada saindo da região de Konye Urgench em direção ao sul, quiçá a mais importante rodovia do Turcomenistão, a única a rasgar o país pelo meio, pelo deserto. O asfalto era realmente ruim logo no início do trajeto, cheio de buracos e trincas. Depois de umas dezenas de quilômetros, melhorou, e foi melhorando mais. À medida que foi melhorando, o cenário ao redor lembrava cada vez menos a familiar terra entre os rios Syr Darya e Amu Darya. O chão seco de arbustos foi dando espaço à areia, que, embora nunca chegue a ocupar toda a paisagem ao redor, é bem mais dominante do que no norte. Por esse cenário, circulam livremente dromedários, e tantos deles que, na estrada, há placas advertido os motoristas sobre o risco de que uma das bestas distraídas se aventure em cruzar a via. Muito estranho ver as placas. Muito estranho ver as areias. Pedimos para T parar por alguns segundos no meio-fio; a desculpa era que F queria urinar. Mas, na verdade, o que queríamos era tirar fotos da placa e ouvir o Karakum.

Vento, areia nos olhos, um barulho que parecia com o guizo de uma serpente, bem fraco, intermitente.

Ainda pelo chão, alguns arbustos. Mas a areia é pura, é a areia dos desertos da imaginação.

Até o sol, o calor, parecem mudar. O sol é menos dourado, mais branco. O calor, menos úmido.

Um outro mundo. Uma outra Ásia Central, de transição entre a terra milenar dos persas ao sul e o norte após o Amu Darya, com seus oásis, antecedendo as grandes estepes.

Logo estávamos de volta ao carro por insistência de T. Ele dizia (aliás, já havia dito uma dezena de vezes desde o início do dia) estar preocupado em se perder quando saíssemos da estrada, mais perto do anoitecer. Precisava de luz para fazer a navegação. Não demorou muito: uma hora depois, ele parou o carro no acostamento sem se explicar. Era uma rodovia com pistas nos dois sentidos. Olhou para o acostamento do outro lado da via, no sentido contrário ao que vínhamos, à esquerda. Coçou a cabeça. Olhou para os dois lados e cruzou a pista do sentido oposto, entrando com o carro diretamente no deserto do outro lado. Estava no lugar certo: à frente, havia uma tênue trilha de pneus na areia. Morretes impediam uma visão clara do que nos esperava. O veículo era perfeito para esse desafio, mas, sem placas de informação, sem asfalto, sem visão do horizonte, sem nem sequer rastros de pneus em alguns trechos, me senti inteiramente à mercê da habilidade de T que, honestamente, não parecia saber bem por onde seguir. Entre as curvas e subidas, parou uma, duas vezes. Virou à direita, parecendo sair do caminho principal.

Curvas, subidas, os pneus levantando os areais, descidas. Velocidade, lentidão. Nessa altura, o sol já tinha se despedido. Estava ainda claro, mas a noite chegava rapidamente.

Logo todos no carro estavam em silêncio. Não se ouviam nem mesmo os comentários bobos que eu e F trocávamos quase o tempo todo, as piadas para matar o tédio. F, como eu, parecia receoso.

E então, algo surgiu. Entre os morros.

Um lugar verdadeiramente único. Não só na Ásia Central.

O portal do inferno.



Você fecha os olhos. Ouve o ruído das chamas, queimando, queimando eternamente. O vento noturno no deserto é bem frio, em total contraste com o bafo que vem da boca de Lúcifer. Esse vento do deserto, quando sopra no sentido certo, permite chegar bem perto, abrir os olhos, vislumbrar seu centro, suas chamas impressionantes que brotam como fantasmas das profundezas. Entretanto, ele é traiçoeiro, e frequentemente muda de direção. O que era antes o seu escudo contra o calor, refrescando seu rosto, aliviando seus olhos, agora sopra em suas costas ou em sua orelha direita. E então vem uma lufada escaldante, dolorosa, mais de cinquenta graus. Você fecha os olhos. Você quase grita quando percebe que sua pele está queimando. Suas pernas são empurradas pelo vento traiçoeiro, você quase perde o equilíbrio e cai na cratera, mas, por um milagre, se recupera. Se vê obrigado a se afastar. Muda o vento novamente, de novo em seu rosto, você abre os olhos, se aproxima do imenso buraco e vê suas labaredas uma vez mais. Você é como um pirilampo voando ao redor de uma lâmpada que pode queimá-lo. O pirilampo não pode evitar. Para ele, a luz, o calor, são hipnóticos, são irresistíveis.

As portas do inferno. Sim, é verdade. É verdade tudo o que dizem.

É a cratera de Darvaza, um dos locais mais famosos do Turcomenistão. É impossível descrevê-la fazendo jus ao impacto arrebatador de encontrá-la no Karakum, no meio do nada. Grosso modo, é um buraco de cerca de 70 metros de diâmetro e 30 metros de profundidade. Dentro dele, há pedras negras e fogo. Fogo incessante, quase um templo zoroastrista natural. As labaredas flutuam em diversos tamanhos diferentes. Bem no centro do buraco, meio escondida dos olhos pelas irregularidades no interior da cratera, há uma chama maior, alta, talvez o demônio em pessoa. Para proteger os visitantes, a cratera é isolada por uma cerca. Não que seja impossível pulá-la, caso o visitante queira enfrentar o calor e se oferecer em sacrifício a Satã.

Não é um fenômeno natural. A história mais contada sobre sua origem remonta aos tempos soviéticos, mais precisamente a 1971. Na época, geólogos acreditavam que a área guardava ricas reservas de petróleo e decidiriam fazer uma perfuração exploratória. Nisso, a broca encontrou uma caverna subterrânea com gás, não muito profunda. O terreno colapsou, dando origem à cratera. O gás que escapava, aparentemente, foi considerado um risco para comunidades que viviam por perto, e por isso os cientistas tomaram a decisão de atear fogo no buraco. A expectativa dos geólogos era de que o gás do bolsão fosse todo queimado rapidamente. O surpreendente fato de a cratera queimar até hoje indica que, na verdade, ela levava a outros túneis subterrâneos que davam acesso a uma reserva de gás muito maior. Mas há uma controvérsia nessa história. Alguns turcomenos sustentam que, embora a cratera de fato exista desde os anos 1970, a decisão de atear fogo nela teria sido tomada apenas nos anos 1980.

Mais recentemente, em 2010, o presidente Berdimuhamedow, após visitar a cratera, chegou a anunciar que ela seria coberta — na certa, pensava que poderia lucrar mais explorando o gás natural do lugar em vez de vê-lo se esvair nas labaredas. A ordem nunca foi cumprida. Talvez ele tenha mudado de ideia pensando que valia mais a pena preservar o lugar tal qual é hoje para atrair turistas (num país em que o turismo é um setor ínfimo da economia). Talvez, simplesmente, acreditou que não valia a pena (o Turcomenistão já é um dos maiores produtores de gás natural do mundo de qualquer forma). Talvez tenha se esquecido, talvez tenha simplesmente adiado. O presidente é misterioso.

À beira das portas do inferno, continuei abrindo e fechando os olhos. A cabeça voava para longe quando estavam fechados. Lembrei de repente, aleatoriamente, da sensação de estar em um congestionamento em São Paulo durante uma chuva de verão com meu primeiro carro. Dilúvio lá fora, dentro, como o Chevette não tinha ar condicionado, um calor horroroso. Abria um pouquinho a janela para me aliviar e tudo ficava molhado. Pensei: ah, Darvaza não é como aquele inferno daqueles verões à beira do Rio Pinheiros. É até agradável ficar à beira da cratera quando o vento está na direção certa. Só quando ele muda, e o calor da fornalha atinge a testa, é muito pior do que qualquer inferno congestionado.

Em meio a essa insólita associação espontânea de Darvaza com minha longínqua cidade natal, veio mais um daqueles momentos sempre desconcertantes para mim. Ouço pessoas falando em português do Brasil.

Nesta viagem pela Ásia Central, ainda não havia encontrado brasileiros — em minha viagem de 2012, sim. Foram dois encontros que me deixaram emocionado. Primeiro, em Bukhara, fui surpreendido por um casal endinheirado pagando uma excursão com guia próprio. Depois, em Bishkek, fiquei amigo de Flávio, o simpático brasileiro que estudava russo, como eu, na mesma escola, na capital quirguiz. Neste caso, porém, me parecia muito menos concebível encontrar brasileiros: em um país complicado e caro de se visitar, pouquíssimo conhecido, num lugar isolado, cercado de deserto. Ainda que improvável, aconteceu, e eis que, à beira da cratera de Darvaza, troco sorrisos com cinco compatriotas, dois senhores e três senhoras aposentados.

"É como o inferno, mesmo", disse com tom de surpresa uma das senhoras, com cabelos loiros tingidos e mantidos no lugar por uma caprichada permanente, usando roupas de esporte. "É nada! O inferno mesmo são os congestionamentos em São Paulo!", respondi, dando risadas. Ela concordou com risadas ainda mais fortes. E todos então gargalharam. Demos risadas como bobos. Pensei: só eles podem me entender. Só eu posso entendê-los. Que alegria não me sentir um estranho por alguns minutos que seja. Que alegria é encontrar a confirmação de mim mesmo. Mesmo que eles todos sejam completos estranhos para mim, que eu não saiba seus nomes. No Brasil, talvez já tenhamos nos cruzado na rua e tenha sido um momento de completa indiferença. Não aqui. Existe uma intimidade instantânea, comovente. Só quem passou por algo assim pode entender. Que prazer encontrá-los, que prazer sentir um calor no coração mais forte do que o calor da cratera de Darvaza.

Voltamos a olhar para a cratera e as risadas foram desaparecendo, substituídas pela fascinação.

Nos despedimos com abraços.

Pouco depois, eu e F reencontramos T não muito longe da cratera. Ele havia parado o carro ao lado de uma maravilhosa iurta, grande, com o chão tomado por tapetes e espaço de sobra para nós três dormirmos. Havia dentro dela um círculo de pedras para receber uma fogueira, o que seria uma necessidade mais tarde, estava bem frio. Do lado de fora, vi que ao menos parte do teto estava coberto com lã de dromedário. Tiramos as mochilas do bagageiro do carro e nos ajeitamos na iurta enquanto T preparava o jantar. Acendeu uma fogueira do lado de fora da barraca, colocou umas pedras ao redor e nelas apoiou longos espetos com grossos e suculentos pedaços de carne de carneiro, previamente salgados e temperados. Estávamos famintos, e o cheiro da carne no fogo era simplesmente delicioso. Nos sentamos em cadeiras à beira da fogueira e F me ofereceu uma das cervejas que tivera a sabedoria de comprar em Dashoguz. O fogo. O cheiro do churrasco. A cerveja. A lua, quase cheia. A areia amarela do deserto sendo consumida pela noite. No céu, o clarão, bem visível, da cratera, escondida atrás de uma colina.

Se juntou a nós outro turista, um ser muito curioso. Ele não iria passar a noite na mesma iurta que nós, mas sua barraca estava perto e o jantar era para nós e para ele, pois seu guia também tinha tido a mesma ideia de T, preparar um churrasco noturno, e logo combinaram de juntar as carnes.

Seu nome era J. Um senhor americano, com barba curta e bem branca, 71 anos, chapéu fedora. Um jeito manso de falar, menos quando o tema eram viagens. Aí se empolgava. J era o que poderia se considerar um viajante profissional. Viajava constantemente há décadas e, sendo jornalista, encontrou uma maneira, com astúcia, de viajar sendo pago para isso. Escrevia crônicas para jornais e revistas, tinha seu próprio blog e publicava livros. Um sonho de muitos jornalistas, posso dizer, sendo eu próprio jornalista de formação. Mas é um desejo que pouquíssimos conseguem concretizar. Eu nunca havia encontrado um desses sortudos e, reconheço, minha primeira reação ao ouvir sobre o estilo de vida do americano foi me consumir de absoluta inveja. Viajava em estilo, com dinheiro. Seu guia, um jovem alto e forte, turcomeno com um inglês absolutamente perfeito, trabalhava apenas para ele. Era seu motorista, cozinheiro, tradutor e guia.

J dizia haver estado em mais de 120 países, uma marca que acredito que nunca chegarei a bater e, honestamente, nem sei se gostaria de bater. Parece cansativo demais. E isso é o que indicava J com suas palavras. Suas jornadas eram sua vida, mas ele se dizia esgotado. Talvez tentando convencer a si mesmo que era hora de atirar a âncora, se permitia emitir uma ou outra frase como "esta é a última viagem" ou "não acho que farei outra viagem como esta". Mas eu estava certo de que ele iria viajar até morrer.

Um claro sinal disso — se dizia esgotado, mas não se cansava de falar das suas aventuras passadas. Eu e F parecemos tacitamente concordar em não impedir sua narrativa enquanto esperávamos sair o churrasco. Entre um e outro gole de cerveja, ouvíamos, pacientemente, o velho, que tecia seus confusos fluxos de consciência alimentados pelas cores da memória. Vietnã, Camboja, Índia. Brasil, toda a América do Sul. África. Mas a Ásia, ah, esse era seu continente favorito. Falou que já havia estado no Turcomenistão, "muito tempo atrás", e começou a lembrar. "Não era muito diferente." Pedi que elaborasse. Não elaborou. Em segundos, já estava de volta ao Vietnã. Fiquei com a impressão de que na verdade J não tinha muitas recordações do seu passado em terras turcomenas (talvez esse fosse um bom motivo para voltar agora). Aliás, ele não parecia nem estar muito ciente de que estava de volta ao Turcomenistão. Apenas demonstrava que entendia que estava viajando, e que as lembranças de algumas viagens passadas eram fortes demais, ocupavam espaço demais na sua cabeça, mais do que outras. Talvez se algumas dessas lembranças fossem eliminadas pela sua boca pudesse apreciar melhor aquela noite deliciosa no meio do deserto. Reclinei-me na cadeira. Do Vietnã, ele já tinha ido para a Tailândia levando eu e J a tiracolo.

Falava em ondas. Lembrava de algo, então falava rapidamente, olhando para o fogo. Esssas lembranças eram compartilhadas, e ele passava a falar um pouco mais devagar, então voltando os olhos para mim e F. Então, vinha outra lembrança e ele voltava a entrar em transe. Foi assim por uma hora, mesmo depois da chegada da carne, que ele pouco comeu.

Entrou em dado momento em sua atual viagem, à qual se referia como se fosse uma viagem sua do passado. Começara na própria Ásia Central. Depois de Darvaza pegaria um barco, cruzaria o Mar Cáspio até o Azerbaijão. Depois, pelo Cáucaso, iria até a Turquia. Depois, da Turquia até a Europa Ocidental e então de volta aos Estados Unidos. Tudo muito vívido, suas palavras, coloridas, quentes, trepidando de excitação. Iria escrever algo sobre a odisseia para o The New York Times.

Foi então que decidi arriscar uma pergunta ao grande aventureiro. Quem sabe, dessa vez, respondesse em vez de se perder em devaneios. Era uma pergunta sincera, eu realmente queria saber o que ele responderia. "J", disse eu, me inclinando em sua direção e mirando fixamente seus olhos opacos, "você é tão viajado... após tantas andanças, por tantos lugares, e agora com mais de 70 anos, o que você aprendeu? O que as viagens te ensinaram?"

"Uma excelente pergunta", respondeu, abrindo um grande sorriso. Esperava que hesitasse, que demorasse um pouco para responder enquanto refletia. Mas essa reflexão, claramente, já havia sido feita anteriormente por ele. E desembestou a falar com a empolgação contumaz.

"Aprendi que, em todo o lugar, as pessoas são iguais. Por exemplo, o amor de uma mãe pelo seu filho, isso é universal. Mas não é só isso, há muito mais. Você conhece pessoas falando línguas que não entende, com culturas muito diferentes das suas. Conhece pessoas que têm vivências que você não tem nem terá. Mas, no momento em que você percebe que você tem algo em comum com elas, muito em comum, a viagem passa a ter outro significado. Quando você aprende isso, de verdade, nunca é uma viagem, é como passear na sua cidade, no seu bairro."

"Também aprendi sobre políticos. Pessoas espertas não viram políticos, em nenhum lugar. As pessoas são felizes se não se envolverem nisso. É muito difícil conciliar diferentes visões. Mais felizes são as pessoas que não têm essa ambição."

Talvez, se todos tivermos consciência dos valores universais, o que nos une a todos, e formos empáticos e solidários, a política nem seja mais necessária.

Com um resto de cerveja nos copos, fizemos um brinde.

Ashgabat, 20h, 25/8

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Novas Fronteiras é um diário de uma viagem feita em 2018 a três países da antiga URSS na Ásia Central — Uzbequistão, Tajiquistão e Turcomenistão. Novos capítulos são publicados neste blog uma vez por semana, aos domingos, e seguem ordem cronológica. Novas Fronteiras é parte de um projeto maior que inclui outros diários de viagem pela Ásia Central publicados neste blog pelo autor, que tem viajado regularmente à região desde 2001. O objetivo do projeto é apresentar um panorama detalhado e em profundidade das sociedades dos países da antiga URSS na Ásia Central, em um processo de busca e exploração em que o autor executa uma viagem simultânea, de autodescoberta e entendimento do universo centro-asiático como espelho de sua própria existência.

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