Tuesday, 17 April 2018

Nos Desertos, Nas Montanhas (XLIX): Karakol

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10/11/2012

Minha primeira impressão da cidade de Karakol, a leste do lago Issyk-Kul, foi fria. Literalmente.

Peguei o ônibus às 23h em Bishkek para a jornada de oito horas até a cidade, a cerca de 400 km ao leste da capital quirguiz. Desembarquei numa manhã gélida em uma rua em frente a uma rodoviária completamente vazia. Senti um frio feroz, ainda com o inverno longe de começar. Assim que coloquei o pé no chão, entrei na rodoviária e comecei a procurar o banheiro, escondido em um canto. Lá, tirei de minha mochila simplesmente todas as roupas que eu tinha de reserva e as vesti. No final, estava com uma armadura formada de camiseta, três casacos de lã, uma jaqueta, duas calças grossas, duas meias grossas, cachecol, gorro e luvas. As finas luvas de couro me foram praticamente inúteis - fiquei com as mãos endurecidas durante toda a manhã.

Sem um mapa, deixei a rodoviária e perguntei a um pobre congelado andando na rua onde era o centro. Ele indicou o caminho e segui por uma avenida rumo a um mercado chamado Ak-Tilek, que, pelo que entendi do congelado, não ficava muito longe da rodoviária. No horizonte atrás de mim, o Sol acordava, colorindo de rosa choque uma cadeia de montanhas nevadas. A luz revelava preguiçosamente a cidade construída em 1869 e dividida em quadras, como em um tabuleiro de xadrez. Iam se iluminando as fachadas das casas, muitas de madeira, algumas pintadas de azul, de verde.

Com cerca de 64 mil habitantes, Karakol, a quarta maior cidade do Quirguistão, surgiu por ordens dos militares russos que avançavam em sua conquista do que hoje conhecemos como os cinco países da Ásia Central ex-soviética. Uma base do exército foi estabelecida primeiro não muito longe daqui, em um lugar às margens do lago Issyk-Kul. Posteriormente, foi encontrado o local ideal para o assentamento permanente e para cá se mudaram os militares.

Por sua proximidade estratégica da fronteira chinesa, a leste, a cidade acabou se tornando um ponto importante de referência para os aventureiros da era do Grande Jogo, a disputa entre os impérios britânico e russo pelo controle da Ásia Central. Em particular, Karakol acabou sendo associada a um deles: o russo Nicolai Mikhailovich Prjevalsky (1839-1888), morto de febre tifoide nesta cidade aos 49 anos.

Prjevalsky, uma lenda dos domínios do czar, é hoje um eco distante e desconhecido. Mas, um dia, este explorador de longos bigodes - que poderia ser descrito como um David Livingstone eslavo - foi talvez o mais importante peão no xadrez pela dominação desta parte do mundo. É difícil para nós hoje em dia entender as dificuldades que o aventureiro enfrentou em um mundo sem rodovias ou ferrovias, sem mapas, sem hospitais e tomado por povos desconfiados que não falavam sua língua. Mais fácil é avaliar sua imensa contribuição à cartografia e à ciência. Prjevalsky foi um dos maiores responsáveis pelo mapeamento do interior da China, do Tibete e do Turquestão, descrevendo locais praticamente desconhecidos no Ocidente no século XIX. Durante sua vida, foram cinco grandes expedições ao coração da Ásia. Nelas, além de se dedicar à cartografia, recolheu informações estratégicas de importância militar e exemplares de plantas, além de compilar descrições de animais exóticos. Três espécies naturais da Ásia Central, hoje em risco de extinção, foram descritas pela primeira vez por ele e duas receberam seu nome, um cavalo e uma gazela.

O início foi complicado. A primeira aventura foi uma expedição à Sibéria, entre 1867 e 1869. Ele conseguiu convencer a Sociedade Geográfica Russa a financiar a empreitada, mas o dinheiro que recebeu foi tão limitado que Prjevalsky foi obrigado a recorrer ao pôquer (ao melhor estilo de O Jogador, de Dostoyevski) para levantar mais capital. Conseguiu 12 mil rublos, o suficiente para viajar tranquilo. Mas, envergonhado, decidiu jogar fora o mesmo baralho que lhe trouxe a fortuna. O episódio alimentou seu pragmatismo: para custear suas aventuras, servir no Exército era o caminho mais fácil. Acabou se tornando um dos exploradores mais condecorados do império russo e atingiu o ranking de general, mesmo sem, dizem, ser um grande apreciador da vida militar.

Publicou cinco livros com suas memórias de viagem e foi uma figura de prestígio tão imenso que a Real Sociedade Geográfica britânica, apesar da tensão entre Londres e São Petersburgo, o homenageou com uma comenda em 1879. Apesar da glória, sua morte selou uma tremenda frustração. Em suas expedições esteve no Tibete, mas nunca conseguiu, embora tentasse várias vezes, chegar à capital tibetana, Llasa. Certamente era sua ambição quando estava às margens do rio Chuy, no norte do Quirguistão, e decidiu beber a água, sem imaginar que estaria contraíndo a febre que acabou com suas aventuras e o transformou de vez em mito. Logo após a morte, o czar determinou que Karakol passasse a se chamar Prjevalsky em sua homenagem. Em 1921, fiel a sua promessa de autodeterminação dos povos do Império, Lênin atendeu um pedido dos locais para que a cidade voltasse a ter seu nome original. Mas Stálin reverteu a decisão em 1939, ano de centenário de nascimento do explorador. Só com a independência do Quirguistão, em 1991, o nome Karakol voltou a ser usado.

Ainda que ciente também do polêmico legado ideológico associado a Prjevalsky - afinal, ele era, sim, um agente do imperialismo russo e, como era comum a tantos outros aventureiros da época, parecia acreditar que os povos locais eram inferiores e até mesmo desprezíveis - eu quis prestar minha homenagem a ele em seu mausoléu e museu. E, devido à circunstâncias, isso aconteceu mais cedo do que eu esperava. No fim, demorei mais de uma hora para chegar ao mercado Ak-Tilek. Ao chegar, vi que ele ainda se preparava para o longo dia. Não havia muito o que ver nem fazer. Assim, segui diretamente para o mausoléu de Prjevalsky, à beira do lago. As vans para lá me aguardavam logo ao lado do mercado.

Era muito perto, 20 minutos de jornada. Ao descer da van, me encontro em um ambiente campestre bem perto do lago. Algumas árvores, uma fina camada de neve sobre a grama. Ninguém ao redor, poucos pássaros cantando, tudo parado. A calçada foi subindo e finalmente adentrou a área do pequeno parque onde ficava o memorial.

A entrada do museu me lembrou algum templo da antiguidade, com colunas gregas, flanqueada por sólidas estátuas de carneiros-de-Marco-Polo e coroada por uma águia. Dentro, logo em seguida, encontrei um imenso mapa mostrando parte da Ásia, da China ao Quirguistão, de Déli à Sibéria, com linhas coloridas indicando as jornadas de Prjevalsky. Apenas ver nesse mapa o quanto ele viajou poderia deixar cansado o mais empolgado viajante. Ao redor do mapa, reproduções de ilustrações de povos e animais com os quais ele se deparou em suas jornadas - um tibetano e seu traje típico, as espécies animais identificadas primeiramente por ele.

Há uma atmosfera de veneração, de adoração, a quem é um semideus dos exploradores da Ásia. O museu, espantosamente, está muito bem preservado - o que mostra que, mesmo sendo vítimas do imperialismo do czar, mesmo após décadas do fim do império ao qual foram forçados a se integrar, os quirguizes valorizam Prjevalsky, o que ele representou. Acho difícil acreditar, mas é isso que vejo.

Do lado de fora, no parque, em meio a pinheiros e a vacas soltas pastando livremente, fica o solitário mausoléu - reproduzindo um pico, novamente com uma águia pousando em seu cume. A ave leva os louros da vitória. Sob a rocha, uma efígie do explorador, seu nome, algo em russo que eu não decifro e mais abaixo algo que sim entendo, "Ásia Central". Simples, tocante.

Permaneço em silêncio, verificando cada detalhe do mausoléu como se fosse uma edificação de séculos de idade.

Me sinto ligado a Prjevalsky. Ambos nos sentimos igualmente atraídos por esta terra distante e estranha, o coração do mundo.


* * *

Volto a Karakol. Saio de novo em seguida para ver dois incríveis monumentos naturais.

O táxi deixa rapidamente a cidade e passa a atravessar um cenário familiar: montanhas nevadas lá longe, planícies, pastagens. Mas, depois de um vilarejo, à medida que o carro de aproxima das montanhas, tudo muda.

De repente, começam a surgir colinas vermelhas e ocres. E não demora muito para aparecer o "Coração Partido" à beira da estrada. É uma formação geológica muito chamativa, uma das mais conhecidas do país. Trata-se de uma colina de rocha sedimentar rubra, de uns 50 metros de altura, partida ao meio e parcialmente coberta de vegetação. De fato, parece um coração cortado ao meio, as duas metades caindo para os lados.

Mais lendas, passadas boca a boca por séculos, explicam o que fez a natureza. A primeira: uma linda mulher tinha dois homens que disputavam sua mão. Este seria seu coração petrificado e dilacerado após seus amores terem se matado enquanto brigavam por ela. Outra: um rei desta região um dia viu uma mulher pobre caçando e se apaixonou por ela. Ela se recusou a se casar com ele - já estava prometida para outro. O rei insistiu. A moça tentou fugir, juntamente com o noivo, mas foi flagrada pelos guardas do poderoso apaixonado. O noivo foi então morto por eles. E ela também morreria, de desgosto, enquanto era levada para o rei. Novamente, a rocha partida é o seu coração.

Sigo com o taxista e, menos de um quilômetro depois, o carro para. Também ao lado da estrada aparece o Jety-Oguz, ou, literalmente, "Sete Bois": uma sequência surreal de colinas vermelhas de pura pedra, berrantes, destoando do cenário ao redor. Parece que alguém as colocou ali. É como uma parede, com os montes ligados uns aos outros, em fileira. Sete colinas, mas podem ser mais, o número depende de como se interpreta as divisões entre elas. É um lugar tão bonito e único que foi transformado em reserva em 1975, para protegê-lo para sempre.

Eis uma das lendas associadas ao Jety-Oguz. Um dia, um rei teve sua esposa "roubada" por outro - não fica claro se ela traiu o marido ou foi mesmo sequestrada. Irado, o monarca roubado foi procurar os conselhos de um velho sábio. Perguntou a ele o que poderia fazer para que o rei que o roubou pagasse, com muito sofrimento, pelo erro que cometera. O velho hesitou no início, mas, depois de muita insistência, ofereceu o seu conselho do mal: "Mate a mulher", disse, "o outro rei a terá, mas morta". Um conselho óbvio. O rei roubado organizou então uma grande festa e, fazendo-se de resignado, convidou o rei inimigo e a ex-esposa. Sete bois foram sacrificados para o banquete. Em dado momento, o rei traído se aproximou da ex-mulher e apunhalou-a no coração. Do peito jorrou sangue, muito sangue. O líquido levou as carcaças ensanguentadas do sete bois para onde estão hoje, à minha frente.

Há ainda outras lendas mais simples. Estes sete bois teriam sido um dia bestas selvagens que estavam causando um grande estrago neste vale. Vendo isso, os deuses decidiram mostrar sua clemência, e os transformaram nas colinas, e aí estão. Há também a história do pai rico que decidiu deixar sete bezerros de herança para os filhos. Os animais fugiram e desapareceram, e o pai um dia morreu. Os bezerros foram encontrados, tinham se transformado em magníficos bois adultos. Os filhos começaram a brigar pela posse dos animais, e a briga se tornou intensa, violenta. Em meio a isso, surgiu um velho mago. Para trazer a paz de volta, ele decidiu transformar os bois nas sete colinas banhadas de sangue.

Histórias perdidas no tempo. Podem ter vindo do tempo dos karakhanidas. Podem ter vindo dos mongóis. Podem ter vindo dos gregos aliados de Alexandre. Podem ter vindo de qualquer tempo, antes, durante ou depois. Ou... podem ter sido inventadas para enganar turistas. Prefiro me deixar seduzir pelo mistério.

Logo noto que há trilhas saindo das duas formações rochosas. Voltando correndo pela estrada para tirar fotos do Coração Partido, descubro o início de uma, como uma artéria alimentando o grande músculo dividido e silencioso. Ela segue para o espaço entre os dois hemisférios e se perde entre os casebres e as árvores acinzentadas que lá se encontram. Pode-se caminhar pelas trilhas daqui até dois lugares com nomes de sonho: o Vale dos Dragões e o Vale das Flores, este último, aparentemente, o panorama mais lindo do Quirguistão, gloriosamente colorido com as flores da primavera. Fico com uma vontade louca de ir, de pegar as trilhas. Mas tenho pouco tempo (combinei apenas meia hora por aqui com o taxista), não conheço nada da região, não tenho mapas, não tenho amigos para me acompanhar e acalmar minha cabeça se eu me perder. Não tenho referência nenhuma... nem sei para que lado está o Sol, escondido atrás de alguma serra.

Após mais cliques apressados, eu decido finalmente me controlar, sentar em uma pedra e ficar parado, apenas parado, apenas admirando os Sete Bois.

Sinto tristeza. Queria ter mais tempo aqui. Para explorar, para ter calma. Que bonita é esta região de lendas vermelhas. Que frustrante é só olhar para elas.

Pela janela do Lada, as formações rochosas se afastam rapidamente. Deliciosas promessas, 30 minutos de um sonho que duraria meia hora, meio dia, meia semana, meio mês, o tempo que eu quisesse, se eu tivesse tempo, dinheiro, referência, provisões, energia. Se eu tivesse menos sede para sair daqui e ver outras coisas, ver tudo, todos, antes que seja tarde e eu não possa mais criar saudades imaginárias.


* * *

Karakol se tornaria um importante centro urbano não durante o período inicial de assentamento dos militares, mas, ainda no século 19, com a chegada de centenas de chineses de uma minoria muçulmana, os chamados dungans.

Os dungans travaram uma revolta na China (1862-1877) contra membros de outras etnias e religiões e acabaram tendo que imigrar para o que eram então os limites do império russo. A chegada de 1130 deles à região de Karakol em 1878 mudaria para sempre a cidade, dando a ela uma atmosfera e cultura próprios. Por isso, decido passar as próximas horas conhecendo os dungans de Karakol melhor, começando por meu almoço.

Agora o mercado Ak-Tilek está bem agitado, vendedores de alimentos e bugigangas se empilham. Ando por uma ruela. No lado esquerdo, barraquinhas vendendo todo tipo de produto industrializado de baixa qualidade trazido da China. Do lado direito, se sucedem casinhas com lonas na entrada, para proteger as pessoas de uma eventual chuva, e portas dando para salas escuras. São restaurantes. Em uma placa na entrada de um deles, reconheço a palavra Ashlyamfu, escrita em cirílico.

Faço meu pedido a uma moça jovem com a roupa coberta de manchas vermelhas e pretas, restos de comida e pura sujeira. Ela sorri. Volta em seguida com uma vasilha com uma especie de macarrão, numa porção bem generosa. Sobre ele, o que parece ser um vinagrete finamente picado. E tudo ensopado com um suco vermelho bem transparente e bem ralo. Pego o garfo.

Ashlyamfu é provavelmente um dos pratos mais conhecidos dos dungans. O que eu sabia era que se tratava de um macarrão frio. Não sabia é que era um macarrão frio de fios quase transparentes e gelatinosos. O vinagrete era, de fato, vinagrete. Aliás, vinagre é o que não falta no prato: o molho vermelho era um vinagre um pouco diluído e com pimenta. Para acompanhar, me trouxeram o indefectível chá, talvez pensando que iriam engasgar por causa da pimenta. Contudo, para o meu paladar, não foi um problema. Adoro comida com gostos fortes.

Talvez tenha sido a fome, mas gostei muito. Devorei rapidamente a vasilha. Tão rapidamente, na verdade, que senti queimar o interior do meu estômago. Fui rapidamente virar o chá para aplacar o fogo e queimei a minha língua. A partir daí, com a língua queimada, a experiência perdeu todo o prazer. Poderia ter pedido outra vasilha, mas perdi a vontade.

Agradeci. A mulher suja me perguntou o que eu tinha achado. Bom, bom! De fato, comparado com o exotismo nauseabundo daquela bebida de rua vendida em Bishkek no verão, o maksym, não achei Ashlyamfu tão exótico. Eu poderia viver só comendo isso! Especialmente se tivesse um chá não tão quente para ajudar a descer.

A imigração dos chineses muçulmanos para cá também fez surgir mais uma mesquita inusitada. Não num formato estranho, bizarro, como em Naryn. Aqui, a mesquita representa outro tipo de sincretismo. Sua arquitetura evoca a arquitetura tradicional chinesa: o telhado curvo, varanda sustentada por colunas ao redor do salão. As cores são incomuns. É toda pintada de azul e vermelho e o telhado tem um detalhe em xadrez que evoca algo de lúdico, quase de brinquedo. Nisso, me lembrou a amarela catedral da Sagrada Ascensão de Almaty, igualmente feita de madeira.

Impossível não querer entrar. Encontrei na porta um sujeito sentado, barbudo, com seu chapeuzinho cobrindo só o alto da cabeça. Sequer notou minha presença. Lia o Corão em voz alta, estava muito longe de Karakol. Saudei-o em silêncio, subi um degrau, adentrei a varanda. Lá dentro, mais um sujeito barbudo, com chapéu e Corão, na penumbra. Muito simpático, acenou para que eu entrasse, entrei. Mais cores, muitas cores. E continuando o sincronismo, um lindo dragão no teto. Tremendamente chinês.

Outra pérola de arquitetura, não longe dali: uma catedral ortodoxa de madeira. Novamente, ecos de Almaty (Karakol, afinal, não fica longe nem da fronteira chinesa nem cazaque). A história desta catedral diz que ela, um dia, foi um clube de bolcheviques. Sua fachada é pura madeira, sem tinta. Se isso lhe empresa um grau de modéstia, os detalhes da madeira em sua fachada caminham para o outro lado. Os frisos do teto, trabalhados, é o elemento que me chama mais o olhar. Além, é claro, das cúpulas aceboladas típicas, douradas. Assim, a construção fica no meio do caminho entre um palácio e uma cabana alpina.

Ninguém por fora e, logo descobri, por dentro. No salão, sem cadeiras, um cheiro delicioso de incenso e a fumaça se misturando com a luz forte entrando pelas janelas. Uma sensação de estar circundado por fantasmas de tempos passados. Esta é uma catedral ortodoxa russa. Mas onde estão os russos? Desde que cheguei a Karakol, só vejo olhos puxados. Para os poucos eslavos que ficaram, este deve ser um símbolo potente, com poderes mágicos. Inspira proteção, inspira calor, boas-vindas. Inspira o espírito de um lar. Lá fora pode não haver ninguém como você, mas aqui você não está sozinho. Lá fora, pode estar desabando uma nevasca monumental, mas aqui o frio não entra. Está quentinho. Você está conosco.

Muito sono. Volto para o hotel. Hoje é meu aniversário. Minha namorada me liga no celular. Estou com saudades.

Que surreal falar com ela de tão longe.

Karakol, 11/11, 7h45

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1 comment:

  1. Lindo texto, lindo dia de aniversário e que bom que conseguimos nos falar meu amor!!!

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